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Refletindo sobre a competição feminina no mercado de trabalho.

Por Juliana Starosky


Acabo de ler um artigo e senti que deveria escrever um artigo sobre ele, pois é algo que sempre vejo no mercado de trabalho e fora dele, que é a competição entre as mulheres. O artigo publicado no ESTADÃO – “Por que as mulheres competem entre si? Manter-se em guarda em relação às outras mulheres é normal para muitas e, ao mesmo tempo, muito desgastante” – clique aqui e leia, Emily V. Gordon (autora de "Super You: Release Your Inner Superhero" e produtora executiva de "The Meltdown With Jonah and Kumail") explora um fenômeno complexo e muitas vezes incompreendido: a competição entre mulheres. É fundamental, termos a consciência de que, algumas de nós olhamos as outras mulheres e vemos uma versão de nós mesmas, melhor, mais bonita, mais inteligente, alguém que gostaríamos de ser – reflexo no espelho. E não vemos absolutamente a outra mulher e por isso podemos julgar e competir de forma não saudável como em casos que vemos nas redes sociais, até mesmo aqui no LinkedIn e quando umas recomendam as outras para o mercado de trabalho.



Embora a discussão seja ampla, um aspecto particularmente relevante é sua manifestação, aqui sento o ponto focal, no mercado de trabalho.

No artigo de Gordon, ela faz uma retrospectiva pessoal, remetendo à sua infância e ao grupo "Sensational Six", exemplificando como a competição entre mulheres pode começar cedo na vida. Ela descreve a evolução de amizades inocentes para relações marcadas por comparação e competição, especialmente à medida que as pressões sociais e de gênero começam a emergir. Posso dizer, que no contexto do mercado de trabalho, essas dinâmicas podem ser igualmente prevalentes, embora mais sutis e complexas.


Até mesmo as celebridades como Amy Schumer, Beyoncé e Taylor Swift, como exemplos notáveis de mulheres que desafiam a noção predominante de competição feminina. Elas são citadas por reconhecerem e trabalharem com outras mulheres talentosas, frequentemente sem traição ou rivalidade. No contexto do mercado de trabalho, isso ressalta a importância da colaboração e do apoio mútuo entre mulheres em ambientes profissionais, contrariando a tendência da competição negativa. Se, mais mulheres tivessem a consciência disso, talvez não só o mercado de trabalho, mas a vida aqui fora, seria mais leve para todas nós, mesmas não é mesmo? Então, procure valorizar o trabalho de sua colega, indique ela para oportunidades, encontre mentoras mulheres, compre produtos e serviços de uma mulher empreendedora e empresária.


No ambiente profissional, a competição entre mulheres pode assumir várias formas, desde comparações sutis até sabotagens mais explícitas. Essa competição é frequentemente alimentada por uma mistura de pressões sociais e expectativas de gênero. Por exemplo, quando mulheres lutam por posições limitadas em campos dominados por homens, podem surgir tensões que exacerbam a competição.


A competição entre mulheres no mercado de trabalho pode se manifestar de várias formas, inclusive através de comentários e observações. Aqui estão algumas frases que ilustram essa dinâmica competitiva, muitas vezes refletindo rivalidade, julgamentos ou comparações implícitas:





1. "Como você conseguiu essa promoção? Deve ter sido por ser amiga do chefe."

 - Implica que o sucesso da mulher não é baseado em mérito, mas em relações pessoais.


2. "Ela só está nessa posição porque sabe se apresentar, não porque é realmente competente."

- Desvaloriza as habilidades profissionais da mulher, atribuindo seu sucesso à autopromoção.


3. "Não sei como ela equilibra trabalho e vida pessoal; deve estar negligenciando sua família."

- Julga a capacidade da mulher de gerenciar suas responsabilidades profissionais e pessoais.


4. "Ela é muito agressiva; não é assim que uma mulher deve se comportar no trabalho."

- Critica a postura profissional da mulher, impondo padrões de gênero sobre seu comportamento.


5. "Ela tenta demais se vestir bem para o trabalho; está tentando impressionar alguém?"

 - Faz suposições sobre as intenções da mulher com base na sua aparência.


6. "Você deve ter tido sorte com seus projetos, não é tão fácil assim ter sucesso aqui."

 - Atribui o sucesso a fatores externos, como sorte, em vez de reconhecer o esforço e a habilidade.


7. "Ela não é uma líder nata, é muito emocional para tomar decisões difíceis."

- Associa emoção com fraqueza, perpetuando estereótipos de gênero sobre a capacidade de liderança.


8. "Não entendo como ela foi escolhida para liderar esse projeto; eu teria sido uma escolha muito melhor."

- Expressa descontentamento ou inveja em relação ao sucesso de outra mulher.


9. "Não tenho certeza se você se encaixa na cultura da empresa; ela tende a favorecer energia mais jovem e dinâmica."

- Implica que a mulher mais velha pode não ter a energia ou o entusiasmo necessário, baseando-se em estereótipos etários.


10. "Você está neste cargo há tanto tempo, não seria melhor deixar alguém mais jovem assumir?"

- Sugerindo que a longevidade no cargo de uma mulher mais velha é um impedimento ao progresso de outros, potencialmente mais jovens.


11. "A moda no trabalho mudou desde que você começou; talvez você devesse atualizar seu guarda-roupa para algo mais 'atual'."

- Julga a aparência da mulher mais velha, sugerindo que ela está desatualizada ou fora de sintonia com as tendências atuais.


12. "Essa nova tecnologia pode ser muito complicada para você; talvez devêssemos deixar isso para alguém mais jovem."

- Subestima a capacidade da mulher mais velha de aprender e se adaptar a novas ferramentas ou tecnologias.


13. "Você realmente acha que vai conseguir acompanhar o ritmo intenso de trabalho aqui aos cinquenta?"

- Questiona a capacidade física ou mental de uma mulher com base em sua idade, presumindo uma diminuição de energia ou de saúde.


14. "Será que você consegue se relacionar bem com a equipe mais jovem? Eles têm uma maneira muito diferente de pensar."

- Pressupõe que uma mulher mais velha não possa se conectar ou trabalhar eficazmente com colegas mais jovens, destacando uma suposta barreira geracional.


15. "Você realmente consegue se dedicar totalmente ao trabalho com crianças em casa?"

- Questiona a dedicação ou a capacidade da mulher de equilibrar responsabilidades profissionais e familiares.


16. "Não sei se ela é a melhor escolha para o projeto a longo prazo, ela pode sair de licença-maternidade em breve."

- Presume que a possibilidade de gravidez ou as responsabilidades de maternidade podem interferir no comprometimento ou na disponibilidade da mulher para o trabalho.


17. "Desde que você teve filhos, parece que sua carreira parou de avançar. Talvez você não esteja mais tão focada quanto antes."

- Sugere que a maternidade afetou negativamente o desempenho ou as ambições profissionais da mulher.


18. "Ela pode ser mais velha, mas com filhos pequenos, como ela vai lidar com horários de trabalho flexíveis ou viagens?"

- Dúvida sobre a flexibilidade e a capacidade da mulher em gerenciar demandas de trabalho, especialmente com crianças pequenas, assumindo que ela é a principal cuidadora.


19. "Temos que pensar duas vezes antes de colocá-la em um papel de liderança; mães mais velhas podem não ter a energia necessária."

- Combina preconceitos de idade e maternidade, questionando a energia e a capacidade de liderança de uma mulher mais velha com filhos.


20. "Você ainda está planejando subir na carreira, mesmo tendo filhos para cuidar?"

- Implica que as ambições profissionais devem ser secundárias ou reduzidas para uma mulher com filhos.


Estas frases refletem uma interseção de etarismo e percepções sobre maternidade que podem afetar negativamente a carreira das mulheres. Elas apontam para a necessidade de um ambiente de trabalho mais compreensivo e de políticas que apoiem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, livre de preconceitos de idade e gênero.


Vamos voltar ao artigo de Gordon, ela aponta duas teorias principais para explicar essa dinâmica: a psicologia da evolução e a psicologia feminista. No mercado de trabalho, essas teorias podem ser vistas na forma como as mulheres buscam se autopromover ou diminuir as rivais, em um esforço para garantir sucesso e reconhecimento em um ambiente muitas vezes competitivo.


A Influência do patriarcado:

Interessantemente, Gordon também discute como o patriarcado influencia essa competição. No ambiente de trabalho, isso pode se manifestar na forma como as mulheres sentem a necessidade de validar seu valor profissional, não apenas em relação a seus méritos, mas também em comparação com suas colegas femininas. Essa busca por aprovação em um sistema dominado por normas patriarcais pode intensificar a competição indireta.


Competindo com o reflexo:

Um ponto crucial levantado por Gordon é a ideia de que a competição entre mulheres é frequentemente uma batalha contra uma versão distorcida de si mesmas. No mercado de trabalho, isso pode se traduzir em medir o sucesso próprio contra padrões irrealistas, alimentados por percepções distorcidas do que significa ser uma mulher bem-sucedida profissionalmente.


O artigo e análise de Gordon sobre a competição feminina oferecem insights valiosos, que devemos levar em consideração, especialmente quando aplicada ao mercado de trabalho. Reconhecer e entender essas dinâmicas é o primeiro passo para criar um ambiente mais colaborativo e menos competitivo. Ao nos concentrarmos em ser a força dominante em nossos próprios universos profissionais, sem invadir ou minar os universos alheios, podemos pavimentar o caminho para um mercado de trabalho mais equitativo e empoderador para todas as mulheres.


A competição no ambiente de trabalho, especialmente quando entrelaçada com questões de gênero, etarismo e maternidade, revela desafios complexos enfrentados pelas mulheres profissionais. As frases e situações destacadas neste artigo não são apenas reflexos de estereótipos, mas também barreiras reais que impactam o crescimento, a satisfação e a igualdade no local de trabalho. Para promover um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo e igualitário, é crucial reconhecer, desafiar e superar esses preconceitos. As organizações devem liderar pelo exemplo, adotando políticas e práticas que apoiam a diversidade e a equidade, não apenas em palavras, mas em ações concretas. Ao fazer isso, podemos nos aproximar de um mundo onde o sucesso profissional é medido pela habilidade e dedicação, e não por idade, gênero ou responsabilidades familiares.





"Em um mundo onde a competência e o mérito deveriam ser os únicos critérios, lutamos por um ambiente de trabalho onde ser mulher, mais velha, ou mãe, não seja um obstáculo, mas uma celebração da diversidade e força."
 
 
 

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