O Custo Invisível da Romantização do Trabalho.
- Juliana Starosky
- 9 de fev.
- 5 min de leitura
Por Juliana Starosky
Olá, leitores do Blog - Headhunter da Carreira!
Hoje nesse domingo eu quero falar com você, sobre algo que vejo cada vez mais nas minhas conversas com profissionais de todos os níveis: a romantização do trabalho. Vamos falar sobre o verdadeiro sentido do trabalho e a importância de encontrar um equilíbrio saudável entre nossas responsabilidades e nossas vidas pessoais.
Você já parou para pensar no verdadeiro sentido do seu trabalho?
O conceito de trabalho tem evoluído ao longo dos anos, mas sua essência permanece a mesma: é a atividade que realizamos para garantir nosso sustento. No entanto, em algumas fases da história, o trabalho era literalmente considerado um instrumento de tortura. A palavra "trabalho" deriva do latim "tripalium", que era um antigo instrumento de tortura utilizado na Roma Antiga. Essa origem etimológica nos lembra que, em tempos passados, o trabalho era associado ao sofrimento e à dor. Mas, em 2025 não precisa ser mais assim, não é mesmo?

O que mais me chama atenção é que a saúde mental dos trabalhadores nunca esteve tão comprometida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e a ansiedade custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade. Um estudo recente da Associação Americana de Psicologia (APA) revelou que 79% dos trabalhadores experimentam estresse relacionado ao trabalho e que a saúde mental deteriorou-se significativamente durante a pandemia de COVID-19. O burnout foi oficialmente reconhecido pela OMS como um fenômeno ocupacional em 2019, o que apenas reforça a gravidade da situação.
E você pode até culpar o RH, eu entendo você! Assim, como existem profissionais bons e ruims em todas as áreas, tem muitos RHs que são permissivos compactuando com lideranças que são verdadeiros destruidores de gente motivada. Contudo, existem sim excelentes profissionais de RH's que buscaram implantar programas de felicidade e saúde mental nas empresas, com boas intenções. No entanto, a maioria deles também enfrenta, além de uma liderança que não vê isso como algo que seja importante, também enfrenta desafios pessoais de saúde mental, vendo tudo isso e não podendo fazer nada - porque assim como você, também são funcionários querendo manter o emprego e assim gerar receita financeira para serem seres humanos dignos no final do mês pagando suas contas.
A grande preocupação é que bons RH´s precisam primeiramente cuidarem de si mesmos antes de assumir a responsabilidade de cuidar dos outros. Absorver mais essa responsabilidade, sem o suporte adequado, pode ser um risco imenso para todos os envolvidos.
Fico aqui pensando, quando isso tudo piorou - não porque já não existia, mas de uns tempos para cá, ficou muito mais presente e isso aconteceu na pandemia, que exacerbou os problemas de saúde mental e, como costumo dizer, "muitos saíram da casinha e nunca mais voltaram". Normalizou-se o que não é normal dentro das relações de trabalho. A cultura corporativa muitas vezes negligencia o bem-estar dos funcionários em prol de objetivos de negócios. Isso cria ambientes tóxicos que afetam a saúde mental e a produtividade. Trocar de emprego pode não ser a solução definitiva, pois o risco de cair em outra liderança e cultura tóxica permanece.
Lembro-me de um profissional que me disse: "Juliana, preciso acreditar que existam empresas com gente normal. Porque se isso não existir eu nem levanto mais da cama." Essa fala revela a profundidade do impacto psicológico que a cultura do trabalho tóxico pode ter. Precisamos trabalhar para pagar boletos, mas não podemos romantizar o trabalho a ponto de negligenciar nossa saúde mental.
Recentemente, tive uma conversa maravilhosa com meu filho de 13 anos, Gabriel. Perguntei a ele: "Qual é o sentido da vida?" - E, como um jovem adolescente que ainda não tem todos os julgamentos que vamos adotando ao longo da vida, ele me respondeu algo incrível:
"Mãe, não existe um sentido para a vida, cada um tem o seu! Por exemplo, para o marombado que faz academia o sentido da vida é ganhar músculos, já para mim que gosto de games o sentido é jogar. Você me julga porque às vezes fico muito tempo nos jogos, mas para mim isso é importante, já para você não."
Essa resposta me fez refletir profundamente. Gabriel tem toda razão. Cada um de nós tem seu próprio sentido para a vida, algo que nos motiva e nos faz sentir vivos. Muitas vezes, ficamos presos às expectativas da sociedade, das empresas e até mesmo de nós mesmos, tentando alcançar um status ou um reconhecimento que, no fundo, pode não ser o que realmente queremos.
Portanto, quero convidar cada um de vocês a resgatar sua criança ou adolescente interior e encontrar o seu próprio sentido para a vida e a carreira. Não se deixe levar apenas pelas marcas das empresas e pelo status, mas pense no que verdadeiramente te faz feliz hoje. É essencial cuidar da nossa saúde mental e bem-estar, e isso começa com a honestidade consigo mesmo.
A necessidade de reconhecimento e a busca incessante por fazer tudo do nosso jeito são caminhos para a exaustão. Empresas que focam apenas em números e negligenciam a "descontaminação" do ambiente de trabalho de pessoas tóxicas correm grandes riscos. Albert Einstein uma vez disse: "A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes."
Se as empresas continuarem a ignorar o impacto das culturas tóxicas, estarão condenadas a ciclos intermináveis de problemas com o seu negócio afundando e isso não tem haver com economia, política ou sei lá o que mais - mas sim, com gente errada no lugar errado, tomando decisões erradas! Vamos, ser maduros o suficiente para admirir isso, e parar de ficar jogando a culpa para fora, e começando a assumir isso!
E vamos parar com tanta hipocrisia, muitas empresas promovam a ideia de serem uma "grande família", a verdade é que o ambiente de trabalho é um local onde vendemos nosso tempo, mas sim precisa precisa ser saudável para todos. Programas de saúde mental e felicidade são importantes, mas não podem resolver problemas que estão enraizados na cultura organizacional.
É necessário criar espaços onde os funcionários possam realmente se cuidar, e isso começa com a liderança dando o exemplo e promovendo uma cultura de respeito e bem-estar. Primeiro o mal precisa ser cortado pela raíz - demitam gente tóxica, listem os prós e contras de ter gente assim, sua empresa perde mais dinheiro do que ganha! Tem muita gente achando que não precisa mudar - vive com a Síndrome da Gabriela, entendendo errado a lei de Darwin "o mais forte sobrevive" - não meu amigo (a), você está totalmente enganado, quem sobrevive é quem se adapta! Mude seu comportamento!
É importante que todos tenha consciência sobre:
Romantizar o trabalho é um risco para a saúde mental dos profissionais.
A força não vem apenas de encontrar o emprego ideal, mas de como damos peso em nossas relações de trabalho e muitas vezes negligenciamos outros campos de nossa vida que também são muito importantes como: saúde, família, educação, etc. Precisamos parar de buscar reconhecimento excessivo e aprender a valorizar o equilíbrio, lembre-se: "tudo o que é demais, transborda".
Agora, deixo algumas perguntas para que vocês reflitam:
O que te faz levantar da cama todos os dias com um sorriso no rosto?
Qual é o seu verdadeiro sentido para a vida e a carreira?
Você está priorizando sua saúde mental e bem-estar em meio às pressões do trabalho?
Como você pode criar um equilíbrio saudável entre suas responsabilidades e seus sonhos?
Espero que essa reflexão ajude vocês a encontrar um pouco mais de clareza e paz no dia a dia.
Estou sempre aqui para conversar e compartilhar mais insights. Até a próxima!
Um abraço,
Juliana Starosky
Headhunter da Carreira
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